Terceiro Pilar: Cavalo-Espelho e Cavalo-Mediador

Explica como os equinos se convertem em poderosos “parceiros-terapeutas” dos facilitadores humanos, ajudando a “traduzir” aos pacientes/clientes as suas dinâmicas criadas em sessão de modo a efectuarem dentro de si as mudanças necessárias.

No cavalo-espelho, o equino, através dos seus comportamentos sempre assertivos revela atitudes não conscientes do paciente/cliente. Advêm dos aspectos morfológicos, emocionais e comportamentais. Deste modo é facilitado diferentes tipos de projecções por parte do paciente, relacionados com a qualidade das imagos parentais (mãe/pai) e atributos do seu mundo interno (tipo de angústias, mecanismos de defesa, dinâmica relacional, capacidade de resiliência). O cavalo, pela “devolução” através do seu comportamento, das emoções que nele são projectadas, ajuda à tomada de consciência da realidade afectiva do paciente, contribuindo para a sua transformação.

No cavalo mediador, a sua capacidade relacional e a sua apetência inata em interagir com os humanos, permite que facilmente adere e participa no espaço físico e psíquico (afectivo, emocional) da relação terapêutica, mediando a interacção entre os vários intervenientes: pacientes e técnicos. A função terapêutica do cavalo de “objecto de transição” à designação de “objecto transicional” (Donald Winnicott, 1951), definido pelo autor como o mecanismo que vai ajudar a criança na transição da relação fusional (etapa de indiferenciação mãe/bebé) para a relação objectal (consciência da separação – fase de individuação). As projecções inconscientes do paciente inscrevem-se sempre nas características mais imaturas/precoces e/ou patológicas do desenvolvimento e são “colocadas” no cavalo – “objecto transicional”.

Assim,

  • No cavalo-espelho, temos uma posição aparentemente passiva, “de reflexo”,em que o cavalo adquire os conteúdos emocionais projectados.
  • No cavalo-mediador, temos uma posição activa e participativa no espaço terapêutico, pelo “agir” comportamental em resposta aos “papéis” eprojecções efectuados inconscientemente pelo paciente/cliente.

Em ambos os casos, a resposta/comportamento real do cavalo (aproximação, distanciamento, indiferença, interesse, estabelecimento/ausência de vínculo e de que qualidade, agressividade), propicia ao paciente a consciencialização das suas problemáticas, abrindo o caminho para a transformação evolutiva (passagem do registo de dependência depressiva e/ou narcísica para um modelo de relação objectal, com consciência individual e aceitação e respeito pela diferença e autonomia do outro).

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